Servidores da Copasa anunciam greve contra PEC da privatização

15 de outubro 2025

Os servidores da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) anunciaram uma greve para os dias 21, 22 e 23 de outubro, em protesto contra a chamada “PEC do referendo”, que retira a obrigatoriedade de consulta popular em caso de privatização da empresa.

De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Purificação e Distribuição de Água e em Serviços de Esgotos do Estado de Minas Gerais (Sindágua-MG), a paralisação deve reunir trabalhadores de diversas regiões do estado. Mesmo com a greve, o sindicato garante que os serviços essenciais de abastecimento de água e tratamento de esgoto não serão afetados, mantendo uma escala mínima de funcionamento.

Durante os três dias de mobilização, estão previstas concentrações em frente à Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), na capital, e uma audiência pública no dia 22, às 11h, para discutir o tema. Na mesma data, os servidores também farão um ato em frente à sede da Copasa, no bairro Santo Antônio, em Belo Horizonte.

O presidente do Sindágua, Eduardo Pereira, afirmou que a expectativa é reunir entre quatro e seis mil trabalhadores na ALMG. Segundo ele, a mobilização vai além dos interesses da categoria:

“Nossa mobilização é a favor do direito social do povo, do referendo popular. Queremos chamar a atenção da população, porque essa pauta não é só dos trabalhadores, é do povo mineiro, que tem o direito de decidir sobre a privatização ou não”, destacou Pereira.

Tramitação da PEC

A paralisação acontece em meio ao avanço da PEC do referendo na Assembleia Legislativa. O texto foi aprovado em comissão especial na semana passada e aguarda votação em plenário, ainda sem data definida.

Entretanto, a votação pode ser adiada. Após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) publicar um novo decreto sobre o Programa de Pleno Pagamento de Dívidas dos Estados (Propag), o presidente da ALMG, Tadeu Martins Leite (MDB), decidiu suspender temporariamente a tramitação de projetos relacionados ao programa, o que inclui a PEC do referendo e a privatização da Copasa.

O Sindágua-MG, junto com o Sindieletro, sindicato dos trabalhadores da Cemig, também protocolou na Assembleia um pedido de suspensão das discussões sobre a proposta, reforçando a solicitação feita ao presidente da Casa, Tadeuzinho.

Atualmente, a Copasa atua em 638 cidades mineiras, atendendo 11,8 milhões de clientes com abastecimento de água e 8,3 milhões com esgotamento sanitário.

O governo de Minas Gerais foi procurado para comentar a decisão dos trabalhadores, mas ainda não se pronunciou. Assim que houver um retorno, esta reportagem será atualizada.

Foto: Henrique Chendes / ALMG