2 de dezembro 2025
A Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou, pela primeira vez, diretrizes oficiais sobre o uso de medicamentos à base de GLP-1 — popularmente conhecidos como “canetas emagrecedoras” — no tratamento da obesidade crônica em adultos. A recomendação foi publicada nesta segunda-feira (1º) e reforça que os fármacos devem ser utilizados de forma contínua e acompanhados por mudanças de estilo de vida, como alimentação equilibrada e prática regular de atividade física.
Medicamentos como Ozempic, Wegovy e Mounjaro surgiram inicialmente para tratar diabetes tipo 2, mas, ao imitarem o hormônio GLP-1, estimulam a secreção de insulina e a sensação de saciedade, contribuindo para a perda de peso. De acordo com a OMS, esses medicamentos podem se tornar uma ferramenta importante no enfrentamento da obesidade, condição que já afeta mais de um bilhão de pessoas no mundo e foi responsável por 3,7 milhões de mortes em 2024.
O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, afirmou que as diretrizes reconhecem a obesidade como uma doença crônica que pode ser tratada. Ele destacou, porém, que os medicamentos não devem ser vistos como solução única. “Embora as terapias com GLP-1 ajudem milhões a superar a obesidade, elas não resolvem sozinhas essa crise de saúde global”, disse.
As novas recomendações indicam o uso dos GLP-1 para adultos — exceto gestantes — em tratamentos de longo prazo, mas reforçam a necessidade de estudos adicionais sobre a segurança dos medicamentos em períodos prolongados. A OMS também lembra que a obesidade está ligada ao aumento de doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2 e alguns tipos de câncer, o que exige ações amplas de prevenção.
A agência defende, ainda, a criação de ambientes mais saudáveis e políticas públicas que favoreçam hábitos de vida adequados. “Não se pode tratar esses fármacos como uma solução mágica”, afirmou Jeremy Farrar, subdiretor-geral da OMS, ressaltando que eles devem integrar uma estratégia mais ampla.
Especialistas da organização afirmam que os GLP-1 podem ajudar a mudar a trajetória global da obesidade, que representa um impacto econômico estimado em US$ 3 trilhões por ano até o fim da década. No entanto, o alto custo das medicações preocupa, especialmente nos países mais pobres. A própria OMS alertou para a necessidade de ampliar o acesso e, por isso, incluiu os GLP-1 em sua lista de medicamentos essenciais, defendendo a produção de versões genéricas mais acessíveis.
Enquanto a demanda cresce, pacientes com diabetes — público original desses medicamentos — continuam enfrentando escassez, o que reforça a urgência de ampliar a oferta e garantir distribuição equilibrada.