Dra. Danúbia fala sobre prevenção e mitos do câncer de mama

24 de outubro 2025

Em entrevista concedida ao programa Divina Prosa, da Rádio Portal FM, a mastologista Dra. Danúbia Andrade, da Uncominas, destacou a importância da conscientização sobre o câncer de mama, reforçando mitos e verdades sobre a doença, que é a principal causa de morte por câncer entre mulheres no Brasil.
Durante a conversa, realizada na última quarta-feira, a médica abordou temas como prevenção, diagnóstico precoce, evolução dos tratamentos e os riscos da desinformação.

A médica contou que iniciou sua trajetória na ginecologia e obstetrícia, mas se apaixonou pela área oncológica ao perceber o impacto humano e emocional do cuidado com pacientes diagnosticadas com câncer de mama. “Eu me senti útil e transformadora. Não apenas nas prescrições e cirurgias, mas em poder devolver esperança e ver pessoas curadas, ver a felicidade das famílias”, relatou.

Dra. Danúbia reforçou que a prevenção do câncer de mama segue o mesmo princípio de outras doenças crônicas — manter uma vida equilibrada, com alimentação saudável, prática regular de exercícios e controle do estresse. Ela desmistificou a crença de que o câncer de mama atinge apenas mulheres com histórico familiar da doença “Cerca de 70 a 80% das mulheres diagnosticadas não têm nenhum caso de câncer de mama na família. Ou seja, não ter antecedentes familiares não protege ninguém”, explicou.

A médica também lembrou que apenas 5% a 10% dos casos têm origem genética comprovada e que, mesmo nesses casos, o diagnóstico precoce é determinante para o sucesso do tratamento.

Durante a entrevista, a especialista enfatizou que muitas mulheres ainda procuram o médico apenas quando sentem sintomas, o que dificulta o tratamento.“O ideal é procurar o exame sem ter sintoma algum. A mamografia é o principal exame para detectar tumores pequenos, que não podem ser sentidos no autoexame”, destacou.

Ela lembrou que, segundo as recomendações da Sociedade Brasileira de Mastologia, o exame deve ser feito anualmente a partir dos 40 anos, mesmo que o Ministério da Saúde ainda adote a periodicidade bianual.

Questionada sobre o custo do exame na rede particular, Dra. Danúbia informou que uma mamografia custa, em média, menos de R$ 100, e que deve ser vista como um investimento em vida. “A gente investe em tantas coisas — casa, carro, celular —, mas esquece de investir em saúde. Esse é o investimento mais importante”, afirmou.

A mastologista explicou que os avanços da medicina tornaram o tratamento do câncer de mama cada vez mais eficaz e menos invasivo. “Antigamente, as cirurgias eram muito radicais. Hoje, isso é exceção. Temos cirurgias conservadoras e tratamentos com foco na cura. A mulher pode acreditar que é possível se curar”, ressaltou. Ela também destacou que os índices de cura aumentaram significativamente, especialmente quando o diagnóstico é feito precocemente.

Outro ponto abordado foi o aumento de casos em mulheres mais jovens. “Hoje vemos casos em pacientes com menos de 35 anos. Antes, o câncer era mais comum após os 50. Agora, entre 40 e 50 anos já concentram-se até 40% dos diagnósticos”, alertou. Sobre os fatores de risco, Dra. Danúbia explicou que o consumo de álcool é comprovadamente um agravante, ao contrário do tabagismo, cujo vínculo com o câncer de mama ainda é menos direto.
Ela também reforçou que uma em cada oito mulheres pode desenvolver a doença ao longo da vida, o que torna a prevenção e o diagnóstico precoce ainda mais essenciais.

A médica aproveitou o espaço para desmentir algumas fake news comuns, como a ideia de que mamografia causa câncer ou que o uso de anticoncepcionais e reposição hormonal sempre leva à doença. “O risco do anticoncepcional é mínimo, e a terapia hormonal, quando bem indicada, pode ser usada com segurança. A mamografia também é um exame seguro — o nível de radiação é baixíssimo”, explicou. Ela alertou ainda sobre boatos envolvendo o uso de desodorantes e tipos de sutiã. “São mitos sem base científica. É fundamental buscar informações em fontes médicas confiáveis, e não nas redes sociais”, alertou.

A mastologista também criticou a automedicação e o uso indiscriminado de substâncias “milagrosas” divulgadas na internet. “Tem gente tomando medicação sem prescrição, chips hormonais, canetas emagrecedoras. Isso é perigoso. Até nós, médicos, não nos automedicamos. O tratamento precisa ser feito com base científica”, frisou.

Encerrando a entrevista, Dra. Danúbia deixou uma mensagem de incentivo às mulheres: “Façam seus exames, cuidem da alimentação, pratiquem atividades físicas e procurem ajuda se perceberem qualquer alteração. Não tenham medo. O diagnóstico precoce salva vidas.”