
23 de junho 2025
Estado já registra aumento de 335% em 2025; doença é transmitida por mosquito e pode evoluir para quadros graves
Minas Gerais enfrenta um surto preocupante de febre Oropouche em 2025. Até o mês de maio, 1.314 amostras positivas foram confirmadas pela Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), número 335% maior do que os 302 casos registrados durante todo o ano passado.
A doença, causada por um arbovírus do gênero Orthobunyavirus, é transmitida principalmente pelo mosquito Culicoides paraensis, conhecido como maruim ou mosquito-pólvora. Os sintomas da febre Oropouche são bastante semelhantes aos da dengue e chikungunya: febre, dor de cabeça, dores musculares e nas articulações, náusea e diarreia. Em quadros mais leves, os sintomas duram entre dois e sete dias. Contudo, em casos mais graves, o vírus pode afetar o sistema nervoso central e causar complicações hemorrágicas.
De janeiro de 2024 a maio de 2025, o município de Cataguases, na Zona da Mata, lidera o número de ocorrências, com 368 casos positivos. Em seguida aparecem Joanésia, no Vale do Rio Doce, com 140 registros, e Dona Euzébia, também na Zona da Mata, com 114 casos. Já Belo Horizonte, capital do estado, confirmou apenas um caso até o momento.
O Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen-MG), da Fundação Ezequiel Dias (Funed), é o responsável pelas análises laboratoriais. A febre Oropouche pode ser transmitida tanto em ambientes silvestres, onde animais como preguiças e macacos funcionam como hospedeiros, quanto em zonas urbanas, com os humanos como principais amplificadores do vírus.
De acordo com o infectologista Estêvão Urbano, diretor da Sociedade Mineira de Infectologia (SMI), a prevenção segue o mesmo princípio de outras arboviroses: “É fundamental evitar áreas de transmissão, usar roupas compridas, repelentes, mosquiteiros e eliminar focos de proliferação do mosquito.”
Pessoas que vivem ou circulam por áreas rurais estão mais expostas ao contágio. Crianças, idosos, imunossuprimidos e pacientes com múltiplas comorbidades são os grupos mais vulneráveis a complicações da doença.
O diagnóstico da febre Oropouche é feito de forma clínica, epidemiológica e laboratorial. A SES-MG reforça que todos os casos confirmados devem ser notificados pelas prefeituras no sistema e-SUS Sinan, contribuindo para o monitoramento e controle da arbovirose em todo o estado.