
31 de julho 2025
Procedimento minimamente invasivo foi usado com sucesso em paciente de 62 anos; tecnologia reduz risco de recidiva e acelera recuperação
O Hospital Madre Teresa, em Belo Horizonte, realizou neste mês a primeira cirurgia em Minas Gerais utilizando uma nova técnica minimamente invasiva para remoção completa de alguns tipos de tumores, sem necessidade de anestesia geral. O procedimento, chamado de ressecção de parede endoscópica (EFTR), foi realizado com o uso do dispositivo FTRD (Full Thickness Resection Device), acoplado ao aparelho de endoscopia ou colonoscopia.
Segundo a Secretaria de Estado de Saúde (SES), cerca de 50 procedimentos semelhantes já foram realizados neste ano no Brasil. A técnica é indicada para lesões de até 2,5 centímetros, consideradas pré-malignas ou classificadas como tumores neuroendócrinos.
Tecnologia que evita a reincidência
De acordo com a médica Renata Figueiredo, responsável pela cirurgia, o grande diferencial do dispositivo é permitir a remoção não só do pólipo, mas também da parede abaixo dele, o que reduz significativamente o risco de retorno do câncer.
“Com uma polipectomia comum, pode permanecer uma célula comprometida que volta a crescer. Com o FTRD, isso é evitado”, explicou. O dispositivo é descartável e conta com um clipe que prende o pólipo à mucosa, garantindo uma ressecção mais profunda e segura.
Paciente recebeu alta no dia seguinte e já voltou ao trabalho
O primeiro paciente a passar pela técnica em Minas foi Marcos Gonçalves Lopes, de 62 anos. Apesar de manter os exames de rotina em dia até 2018, ele nunca havia feito a colonoscopia preventiva, recomendada para pessoas a partir dos 45 anos. O tumor, localizado no reto e em estágio 2, foi descoberto ao retomar os exames.
A cirurgia foi realizada em 15 de julho e durou cerca de 40 minutos, com sedação leve. Marcos recebeu alta no dia seguinte e voltou ao trabalho imediatamente. “Saí do hospital na quarta e na quinta já estava trabalhando. A recuperação foi muito tranquila”, contou.
Indicação depende do tipo de lesão
A médica reforça que nem todos os casos são compatíveis com o uso do FTRD. “Muitas pessoas comparam com casos mais graves, como o da cantora Preta Gil, que teve um adenocarcinoma. São situações diferentes. Esse dispositivo é ideal para lesões iniciais, que podem evoluir se não tratadas”, explicou.
A principal recomendação dos especialistas é a prevenção por meio da colonoscopia. O exame pode identificar alterações antes que se tornem malignas, aumentando as chances de cura com tratamentos menos invasivos.