Brasil deixa novamente o Mapa da Fome da ONU

31 de julho 2025

FAO reconhece avanço do país, que reduz insegurança alimentar para menos de 2,5% da população entre 2022 e 2024

O Brasil está oficialmente fora do Mapa da Fome da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). O anúncio foi feito nesta segunda-feira (29) durante a 2ª Cúpula de Sistemas Alimentares da ONU, em Adis Abeba, na Etiópia. Segundo o relatório O Estado da Segurança Alimentar e Nutricional no Mundo 2025 (SOFI 2025), a média trienal de 2022 a 2024 indica que o país tem menos de 2,5% da população em situação de subnutrição ou sem acesso suficiente à alimentação.

A conquista, alcançada em tempo recorde de dois anos, representa o retorno do Brasil à trajetória de combate à fome e à pobreza que havia sido interrompida. A primeira saída do país do Mapa da Fome havia ocorrido em 2014, durante mandato anterior do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No entanto, o desmonte de políticas sociais a partir de 2018 levou à reinclusão do Brasil no indicador da ONU.

Impacto direto de políticas públicas

O ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias, destacou que retirar o país novamente do Mapa da Fome era uma das principais metas do atual governo. “Mostramos que, com o Plano Brasil Sem Fome, muito trabalho duro e políticas públicas robustas, foi possível alcançar esse objetivo em apenas dois anos. Não há soberania sem justiça alimentar. E não há justiça social sem democracia”, declarou.

Entre as ações prioritárias estão o fortalecimento do Bolsa Família, a valorização do salário mínimo, o apoio à agricultura familiar, a ampliação da alimentação escolar, o incentivo ao emprego e à qualificação profissional e o estímulo ao empreendedorismo. Segundo o ministro, essas medidas formam um conjunto articulado que tem garantido o direito à alimentação e melhores condições de vida para milhões de brasileiros.

Redução da pobreza e crescimento da renda

Os resultados também se refletem nos indicadores sociais. Em 2023, a pobreza extrema caiu para 4,4%, o menor índice da série histórica. Até o final de 2023, cerca de 24 milhões de pessoas deixaram de viver em insegurança alimentar grave, segundo dados do IBGE. Em 2024, o desemprego recuou para 6,6%, menor nível desde 2012, e o rendimento mensal domiciliar per capita alcançou R$ 2.020. O índice de Gini, que mede a desigualdade, também teve redução expressiva, chegando a 0,506.

Segundo dados do Caged, 98,8% das 1,7 milhão de vagas com carteira assinada criadas em 2024 foram ocupadas por pessoas inscritas no Cadastro Único. Dessas, 1,27 milhão eram beneficiárias do Bolsa Família. Em julho de 2025, cerca de 1 milhão de famílias deixaram de receber o benefício por terem superado a linha da pobreza.

Modelo de referência para o mundo

Durante a presidência brasileira do G20 em 2024, o governo federal propôs a criação da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, iniciativa que hoje reúne mais de 100 países e diversas instituições. A ideia é fortalecer a cooperação internacional para atingir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) até 2030, especialmente no combate à fome.

“O exemplo brasileiro pode ser adaptado em muitos países ao redor do globo. No Brasil, sair do Mapa da Fome é só o começo. Queremos justiça alimentar, soberania e bem-estar para todos”, afirmou Wellington Dias.

O governo brasileiro reafirma, com essa conquista, o compromisso com a erradicação da fome e a construção de uma sociedade mais justa, igualitária e sustentável, reforçando seu papel de liderança global no enfrentamento da pobreza.