
19 de maio 2025
Estudo inédito revela que custo para alimentação saudável compromete renda da maioria da população, com impacto inflacionário maior para os mais pobres
Um levantamento inédito do Instituto Pacto Contra a Fome expôs uma grave realidade no Brasil: o custo da cesta básica ideal para uma alimentação saudável atingiu R$ 432 por pessoa já em abril deste ano. Esse valor alarmante consome 21,4% da renda média per capita dos brasileiros, fixada em R$ 2.020 pelo IBGE, evidenciando a dificuldade de acesso a uma nutrição adequada para a maioria da população.
O estudo detalha que mais de 70% dos brasileiros não possuem renda suficiente para cobrir essa cesta e outras necessidades básicas, enquanto um contingente de 21,7 milhões de pessoas (mais de 10%) sequer alcança o valor integral da cesta com seus rendimentos. A pesquisa escancara a disparidade entre o direito fundamental à alimentação, previsto na Constituição, e a precária condição econômica de grande parte das famílias brasileiras.
O boletim divulgado pelo Instituto Pacto Contra a Fome aprofunda a análise ao destacar o efeito desproporcional da inflação dos alimentos sobre as famílias de baixa renda. O levantamento aponta que o aumento dos preços dos alimentos impacta até 2,5 vezes mais o orçamento das famílias mais vulneráveis em comparação com as de maior poder aquisitivo. Em abril, o grupo de alimentação e bebidas foi o principal responsável pela alta da inflação, com um incremento de 0,82%, impulsionado por aumentos significativos em itens essenciais como batata, tomate e café moído.
Apesar de algumas reduções pontuais em produtos como arroz, mamão e feijão preto, a pressão inflacionária persiste, especialmente em alimentos in natura e básicos, que são mais suscetíveis a variações climáticas e sazonais, dificultando ainda mais o acesso a uma dieta saudável para uma parcela substancial da população.
Diante desse cenário preocupante, o Instituto Pacto Contra a Fome reforça a urgência do monitoramento contínuo da segurança alimentar no país e a implementação de políticas públicas eficazes e embasadas em dados concretos. A organização defende que ações governamentais direcionadas são cruciais para mitigar os efeitos da inflação sobre os mais pobres e garantir o acesso a uma alimentação digna e saudável para todos os brasileiros, em consonância com os direitos fundamentais estabelecidos na Constituição. O estudo serve como um alerta para a necessidade de medidas urgentes que abordem tanto a questão do custo dos alimentos quanto a insuficiência de renda de uma parcela significativa da população.